Guerra dos Scans
Recentemente alguns sites de
compartilhamento vêm sendo fechados pela polícia com alegação de crime virtual,
mas o que seria e o que se caracteriza como sendo um crime cibernético? Estão
sujeitos às penas da lei as pessoas que se enquadram cometendo alguma infração
como: ameaça, difamação, injúria ou calúnia, discriminação, estelionato, falsa
identidade, pishing e pirataria.
Falemos propriamente de pirataria. O que
é pirataria?
“É copiar ou
reproduzir músicas, livros e outras criações artísticas sem autorização do
autor. Também é pirataria usar softwares que são vendidos pelas empresas, mas o
usuário instalou sem pagar por eles. A pirataria é um grande problema para quem
produz CDs, filmes, livros e softwares. Na área de informática, aproximadamente
41% dos softwares instalados em todo o mundo em 2009 foram conseguidos
ilegalmente – “...”
Crimes realizados
através da internet podem levar a punições como pagamento de indenização ou
prisão. As punições para menores de 18 anos são diferentes, mas elas existem –
pode ser prestação de serviços à comunidade ou até internação em uma
instituição.”
Fonte:
www.internetresponsavel.com.br
Voltemos no tempo
agora, para uns 20 anos atrás – Época do Vinil, Fita VHS, fita K-7 (lembram
disso, ou ainda não tinha nascido?) O valor para comprar uma fita K-7 de um
artista era um absurdo, mas você tinha um amigo, ou um colega que conseguiu a
fita e gravava, quanto muito gravava diretamente da rádio, aguardando
pacientemente a hora em que a música seria tocada.
Surge a pergunta: Isso
era pirataria?
E a resposta: SIM,
isso também é pirataria, por que você copiou algo sem a autorização do autor.
Mas então por que, naquela época, não se falava tão intensamente sobre este
assunto? Simples, naquele tempo, ou até mesmo até pouco tempo atrás (antes dos
arquivos formato MP3) um item pirata não lhe proporcionava a mesma qualidade ou
durabilidade do original, uma parte se perdia no processo de gravação caseira.
A questão agora é que
com o avanço da tecnologia, as novas mídias permitem uma qualidade excelente
dos arquivos, ou seja, se você pega um MP3 na internet ou compra um CD na loja,
você provavelmente terá uma qualidade similar em questões de som, então para as
novas gerações a escolha fica muito simplória, pois não há perda no processo, é
óbvio que se tende a ficar com o MP3 da rede, até por que se fosse proibido
isso não existiria certo???
Mas na realidade a
questão vai muito além disso. Retornemos ao mundo dos zines e vamos para uma
outra dimensão.
Neste novo mundo você
teve uma idéia e a colocou no papel, criando um zine, que se tornou um grande
sucesso, mas você é só um fã que o fez por hobby e para divulgação de sua
habilidade, distribui seu zine para amigos, companheiros, ou para quem quer que
queira ler, mas então um dia você está navegando pela internet e vê um site
vendendo seu zine, ou melhor oferecendo seu zine para download gratuito mas que
para fazê-lo você precisa clicar em um banner para o dono do site ganhar
dinheiro. Qual a sua reação???
Sim, naturalmente
seria essa, pois lembre de quanto tempo você ficou ali atrás da prancheta
desenhando e quebrando a cabeça para fazer uma história coerente, e um outro
cidadão utiliza seu trabalho para ganho próprio e você? O que você ganhou???
Este é o conceito de
pirataria.
É aquele teu amigo
que copia teu trabalho da escola (aquele que você ficou o final de semana
inteiro fazendo, enquanto ele ficava dormindo), entrega primeiro que você e
tira uma nota mais alta. Ele passa de ano e você não, imaginou??
Bom, então vamos para
um outro conceito, quantas pessoas que você conhece que nunca assistiu um video
clipe no you tube com uma montagem do seu programa/filme/anime favorito com
aquela música do momento? Com certeza você viu uma montagem caseira, com o uso
sem autorizazção das imagens e música. Isso se configuraria como crime.
Exagero? Sim! Mas se
levarmos ao pé da letra, essa pessoa pode estar levando vantagem com curtidas,
amizades, grupos de amigos, isso também não poderia se configurar como um benefício
próprio? Certo?
Deu para perceber que
praticamente quase todo mundo teria de prestar contas na justiça, inclusive,
possivelmente, o juiz que irá te julgar, então como definir o que é certo e o
que é errado?
Legalmente o fato
acima poderia ser enquadrado na lei, mas seria algo válido? Valeria a pena
processar cada individuo? Alguns acreditam que sim (http://idgnow.uol.com.br/internet/2010/11/11/industria-porno-dos-eua-move-processo-conjunto-contra-quase-17-mil-pessoas/ ), outros não têm tanto sucesso (http://livrenavegar.com.br/2013/07/pornografia-nao-e-protegida-por-direitos-autorais-diz-justica-alema/ )
No Brasil a conclusão
óbvia é que depende muito de quem irá acionar e quem irá julgar. Tudo depende
em que tipo de ação estará sendo atribuida, pois não há uma lei específica para
crimes virtuais.
Mas na realidade isto
não altera o fato de o errado ser errado.
A visão de quem
está por trás dos direitos.
Quanto você paga por
uma boa comida? Por um bom carro? Tudo tem seu valor e você está acostumado a
pagar por ela, correto? Já parou para pensar se tudo vale o quanto você paga? E
o jogador de futebol do seu time, aquele craque contratado a peso de ouro. Ele
vale?
Pois bem, quando você
paga o ingresso do estádio, compra produtos do time, assiste o jogo pela TV ou
consome itens dos produtos que o patrocinam você está ajudando a pagar por ele.
É justo? Sim, claro que é.
E com os quadrinhos?
Quem estão envolvidos na criação? Vou mostrar de uma maneira bem simples para
uma idéia do contexto geral.
Criação:
- Roteirista
- Desenhistas
- Arte Finalisgtas
- Letrista
- Colorista
- Revisor
- Editor
Profissionalmente é bem diferente de “Uma
idéia, um lápis e um pedaço de papel”, existem pessoas que vivem disso e
merecem serem remuneradas para tal. Mas além deles existem outros grupos por
trás destes individuos, que são responsáveis por levar as revistas até você,
que são as gráficas, rede de distribuição, agência de marketing e os vendedores
propriamente ditos.
Então, o valor da revista que você paga
não é só referente aos artistas, e sim a toda esta rede que compõe o processo,
no Brasil como nós ainda não temos uma cultura de produção de quadrinhos, a
maior parte das revistas são criadas em outros paises, acrescente então valores
referentes à tradução, diagramação e direitos de uso.
O Efeito Borboleta.
Para quem ainda não conhece a premissa do
efeito Borboleta:
“ Efeito borboleta é um termo que se
refere à dependência sensível às condições iniciais dentro da teoria do caos.
Este efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz. Segundo
a cultura popular, a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples
borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez
provocar um tufão do outro lado do mundo.”
Fonte: Wikipédia
Você é um assíduo leitor de uma revista,
e por motivos diversos, quer financeiro, quer por gosto (ou desgosto) encerra o
ato de adquiri-los continuamente, por sorte encontra um site que disponibiliza
algumas edições daquelas Hqs que você colecionava, e baixa algumas para dar uma
olhada, acha legal e começa a baixar as edições seguintes, e indica o site para
o seu grupo de amigos que começam a fazer o mesmo.
Logo as vendas diminuem em 30%, essa
diminuição faz com que a editora repasse esse fator para a gráfica, mas devido
aos custos fixos a gráfica não consegue manter o mesmo valor de impressão por
unidade, e para não efetuar cortes aumenta o valor da impressão. - Neste ponto
temos um aumento no preço de capa da revista.
O aumento do preço faz com que alguns
leitores diminuam o volume de aquisição de revista, e novamente temos uma queda
nas vendas da ordem de 15%. A editora negocia com a gráfica, mas não consegue
melhorar os valores, para se manterem competitivos buscam por opções mais
baratas na criação. Novos roteiristas e desenhistas entram na empresa, buscando
seu lugar ao sol, o editor buscando melhorar as vendas faz um planejamento
audacionso com alterações nos rumos dos personagens, mas a trama se perde e
confunde a cabeça dos leitores.
A queda na qualidade associada ao alto
custo faz com que muitos entendam que não vale a pena continuar acompanhando a
revista e decidem parar, resultado queda nas vendas de 5%. A longo prazo a
quantidade de leitores que irão parar de ler aumentará, infelizmente é uma
realidade.
Só um parenteses para aqueles que gostam
de matemática supondo que inicialmente tivessemos 100 leitores, ao fim desse
processo teremos somente 57 leitores. (quase 50%) Imaginem agora um corte de
50% no seu orçamento. O quanto isso impactaria?
No fim, uma coisa leva a outra.
Conclusão PESSOAL
SCANS podem ser considerados como uma
ação pirata (e no contexto geral é ERRADO mesmo), mas há uma justificativa
plausivel para ao menos querer que elas continuassem ativas:
-
acesso a material inédito que
JAMAIS serão publicados em terras tupiniquins.
-
Uma espécie de “test drive”
para avaliar se a revista é bom ou não.
Só alguns adendos e considerações.
1.) Se eu compro uma revista, ela é minha, eu posso scanear e postar na
rede se eu quiser, desde que eu não ganhe nada por isso. É meu, e eu poderia
fazer o que eu quiser.
O que acontece é a alta qualidade dos
scans que encontramos por ai, as imagens são muito boas, NÃO SÃO SCANS, são
arquivos digitais perfeitos!!! Se você faz um produto e ele vaza para fora da
sua empresa, então a coisa está errada ai!!
2.) Se querem manter a fidelidade dos leitores, tratem os leitores com
mais respeito!
No caso de mangás: Alongar as séries pro
causa do sucesso, geralmente prejudica a história, pois acabam se perdendo e o
final sempre decepciona.
No caso das comics: Histórias mais
inteligentes e coesas. Minha maior decepção foi o caso da DC, ficaram tão
empolgados com “CRISES” que basicamente passaram a fazer uma crise atrás da
outra, e a cada crise diziam: “Olha esqueçam tudo que você leu até agora... vou
começar de novo” - mas isto deixarei para um outro post no futuro.
Mas acho que a DC representa bem o que
penso, pois não consegue criar ou deixar as raizes, vivem sempre da
reformulação e dos mesmos personagens. Não há reciclagem como nos mangás! Faltam
novos enredos! Qual o herói mais novo e coeso que foi lançado e se mantém
firme, tornando se um icone???
Por fim minhas considerações:
-
OK, scans são foras-da-lei, mas
se as editoras lançassem comics com qualidade e histórias boas, todos gostariam
de ter sua edição.
-
O valor agregado para as
edições também é um crime!
-
Coincidência ou não, após o fim
das Scans, as Hqs nas bancas aumentaram o valor de capa e também teve sua
periodicidade comprometida.
E vocês? O que acham? Deixem seus
comentários
O jogo deles é fazer você comprar sem saber o que está comprando.
ResponderExcluirNão tem argumento, eles vão processar sim, se você cair na mira deles. E o sistema está do lado, todas as leis favorecem os mais poderosos.
Divulgar material é por a conta em risco e que se foda, é desejo popular, o sistema não pode processar todo mundo. Se um dia você der azar de entrar na mira, se fodeu, não tem o que fazer, mas isso nunca vai parar.
Não haverá fim dos scans, hoje mesmo eu recebi atualizações de dezenas de lançamentos, todo dia é assim, eles derrubam um eles reupam 10.
Pois é, amigo... difícil é achar o ponto de equilíbrio para todos os envolvidos...
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