quinta-feira, 27 de agosto de 2015

6 anos da primeira edição da THEMIS - Não foi tão fácil assim....

Bom dia Amigos!

Muitas pessoas gostariam de começar seus próprios projetos, fazer suas próprias histórias, mas muitas vezes esbarram em suas próprias pernas e não avançam, estes obstáculos são comuns na criação de qualquer coisa, e podem determinar o fim de algo que nem bem começou. Pensando nisso vou postar aqui a experiência que tive ao desenvolver a Corporação Themis, a criação as transformações e fluxo de idéias .

Em 2006 iniciei os estudos para criação da corporação Themis, lembro me que estava pensando em dois projetos naquela época, ambos não tinham nomes ainda, e não passavam de rabiscos e pontos desconexos em um documento do word.



Na época eu acreditava que uma história de fantasia seria  muito mais interessante do que personagens urbanos, a trama considerando um ambiente a lá senhor dos anéis, com elfos, clãs, espadas estava num patamar muito interessante.

Em contra partida as anotações do que viria ser a corporação Themis também começaram a ganhar forma, inicialmente seria a história de Artemis, somente ela. Uma garota sem memória com próteses biônicas a procura de seu passado...

Sem chance, certo....  onde isso ia dar certo? Fazer o zine de fantasia ia ser muito mais interessante....


Mas na época todo mundo estava fazendo zine de fantasia... que graça teria???
Neste momento voltei meus pensamentos para a Artemis... e pensei como uma garota que foi sequestrada, modificada, podeira sair por ai a procura de seu passado? Se eu fosse o mentor dela, deixaria um investimento de milhões escapar por ai???

Nesse momento surgiram meus personagens secundários, Cláudia, J-Lo, Apolo, Hefestos e Hiromi. Criar personalidades para cada um deles se tornou muito mais divertido.
A ideia inicial era a Cláudia morrer no Vol II, a J-Lo assumir o comando da Themis e Apolo se apaixonar pela Artemis, e o grupo se voltar contra a corporação que seria comandada pela Hiromi.

A ideia parecia ser melhor, neste ponto a Artemis já passaria a ser somente um chamariz, a personagem em destaque em meio de soldados comuns, mas que estes sim seriam o ponto central da trama.

Agora aos inimigos. Quem estaria a altura de um grupo paramilitar? Neste momento veio outra questão: Por que seria criado um grupo Paramilitar?

Ir e voltar. Repensar. Alterar a concepção original. Determinar ação e consequências. Tudo isso faz parte do processo de criação. Não é simples. Não é rápido!
Foram 2 anos e meio entre idas e vindas, planejamentos feitos e rasgados no intervalo de um mês. Personagens importantes que se tornam secundários, personagens que antes não tinham espaço aparecem com uma história de vida muito mais interessante e dentro do que estava proposto.

A virada veio quando conclui que Artemis precisava morrer. O ponto forte seria apresentar uma nova personagem, que tomaria seu lugar e se tornaria a protagonista no futuro, nada de corporação, nada de soldados, somente ela. Assim todos poderiam ver seu crescimento e se tornar o ícone do zine. Conseguir desenvolver um personagem nesse ponto seria o ápice.



 Mas quem seria essa personagem? J-Lo? Era a escolha lógica, a soldado contratada somente por ser a “garota propaganda” se tornar a líder da corporação e depois  assumir o lugar da Artemis. Seria o lógico, mas para mim, chato!
Então nasceu Andréa Ishida, a repórter. Uma civil. Corajosa. Envolvida com a Themis. Ela ganharia as mesmas próteses biônicas de Artemis, ao contrário de sua antecessora, ela os aceitaria, nada de amnésia, nada de lutar contra si mesma. Sim ela seria a personagem perfeita! Tanto que ela é a personagem da primeira página desenhada no zine.
Alterar a história no meio do caminho é uma situação real e muitas vezes necessária. Mas é um assunto para outros Posts

Espero que ajudem a colocar em prática suas próprias idéias, e percebam que muitas vezes as dificuldades que temos, são nossos próprios medos e receios! Nunca DESISTAM!


*** Este é um post especial em comemoração aos 6 anos da primeira edição finalizada da Corporação Themis. De lá para cá foram 20 edições, cerca de 700 páginas de quadrinhos, capas e ilustrações, que são motivo de muita satisfação! 

2 comentários:

  1. É Sr. Masuda, é louvável. Sempre te acompanhei desde muito tempo, suas ideias e sua perseverança me cativaram desde o inicio. Não achei que nos tornaríamos amigos e isso é uma honra, ser íntimo do criador de uma obra que vc gosta, acho que é sonho de todo fã.

    essas revelações sobre a Themis pra mim são bombásticas, bem que achei hiromi com cara de vilã, essa mecha branca hahaha... Mas o que você fez com ela foi melhor ainda, pra mim, Cláudia e ela são as melhores personagens, seguidas por Apolo, os 3 são coadjuvantes mas são o trio perfeito desse hq.

    Os vilões também são extremamente interessantes, a mimada Simone, o Erik, Pamela, Valquiria e os brucutus, são perfeitos antagonistas para seus heróis.

    De fato a Arthemis é personagem standard, mas deve ser assim, todo hq tem que ter uma força motriz pra levá-lo adiante, mesmo que não seja protagonista. A J-lo não tem tanta expressão mas gosto do papel dela na hq, um soldado simbólico que tenta se provar, da pra gerar uns bons dramas.

    Eu discordo de você sobre a Andreia. Eu nunca gostei dela hahaha... O que vc faz no vol II (ou III, estou confuso) dá-la um novo rumo faz ela ficar melhor mas ainda sim não supera o papel de Arthemis, acho que ela deve ser coadjuvante mesmo.

    Algo que eu acho genial no seu HQ são as armas feitas especialmente para sabotar os trajes protetores da corporação hahaha... por que não pensei nisso antes? Droga kkk...


    Agora, sobre desenhar hq, posso estar sendo um pouco duro, mas tenho que ser sincero:
    Eu também já fiz muito, mais de mil páginas... Como você disse, além do trabalho final, existe muito mais nos bastidores... Ao longo da vida eu devo ter escrito centenas de argumentos, dezenas de roteiros, brainstorms. Desenhei quilos de storyboard, quebrei a cabeça pra gerar saídas e situações, fiz dezenas de model sheet de personagem, ao longo de toda a vida, isso nunca me serviu pra valer, apenas como treinamento (diversão também) e a me fazer uma pergunta: Isso está sendo efetivo? Ou estou apenas desenhando pra mim mesmo?
    Chego a isso, pois nunca consegui nada além de agradar 6 ou 7 pessoas com meu HQ, isso por que eram pessoas que serviram de inspiração para os personagens... de resto, nem pra me satisfazer os HQs serviam. Também servia pra causar inspiração em outros desenhistas que faziam HQ, mas só pela perseverança de seguir em frente, nunca pelo que eu queria de fato que era admiração pela arte, e ser admirado por insistência pra mim é 100% dispensável. Até me irrita saber que meu trabalho é medíocre a ponto de só servir pra isso.
    Isso me fez pensar bem no que quero fazer mesmo. Trabalhar demais em roteiros, plots, personagens, coisas que ninguém vai ler ou fazer uma arte objetiva que corta intermediários e atende o apelo de um público maior?
    As pessoas se apegam as suas ideias, isso pode ser vantajoso, mas também pode ser perigoso. Pode fazer se agarrar a algo apenas por afeto que termina por afundar e levar o autor junto, eu tava quase assim, mas decidi pular fora do barco, eu n quero desenhar só pra mim, eu quero ser visto! Que me odeiem ou que me amem, só não quero ser ignorado.
    Desapegar, dar um reboot em tudo faz parte, alguns não conseguem, sentem que estão se traindo, isso faz parte da experiência. Se a pessoa sente que precisa aparar as arestas, remover ou adicionar algo, isso é louvável, é sinal de que ganhou sabedoria e maturidade pra perceber que algo não está bom.
    Enfim, bom trabalho e aguardando novidades!

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    1. Amigo,
      São comentários como este que fazem a gente querer continuar! Só tenho a agradecer!
      Muito melhor saber quando sua história é realmente apreciada. A honra é minha por tê-lo como amigo!
      Muito obrigado!!

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